Saúde
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Por Bernardo Yoneshigue com AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou, nesta segunda-feira à noite, que o vírus Marburg, da mesma família do ebola, foi confirmado no surto que já deixou ao menos nove mortos na província de Kie Ntem, no Oeste da Guiné Equatorial. É a primeira vez que o país africano registra o patógeno. No ano passado, Gana também teve a primeira identificação do vírus. Segundo a organização, a letalidade do agente infeccioso pode chegar a 88% dos casos.

As autoridades de saúde da Guiné Equatorial enviaram amostras para um laboratório de referência do Instituto Pasteur em Senegal, com apoio da OMS, após um alerta ter sido emitido pela província no último dia 7. As análises comprovaram a presença do vírus. Além das nove mortes registradas, entre 7 de janeiro e 7 de fevereiro, há 16 casos suspeitos com sintomas como febre, vômito com sangue, diarreia e fadiga sendo monitorados.

Os contatos dos infectados, assim como dos em observação, estão sendo isolados e acompanhados pelas autoridades de saúde. A OMS enviou especialistas ao local para ajudar na resposta ao surto.

Marburg é altamente infeccioso. Graças à ação rápida e decisiva das autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de emergência pode atingir todo o vapor rapidamente para salvarmos vidas e determos o vírus o mais rápido possível”, disse o Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África, em comunicado.

O ministro da Saúde da Guiné Equatorial, Mitoha Ondo'o Ayekaba, disse em entrevista coletiva que “4.325 pessoas estão em quarentena” na província em que os casos foram detectados. Porém, há ainda três pessoas com "sintomas leves" que foram isoladas no hospital de uma área rural pouco povoada, na fronteira com Gabão e Camarões. Elas estão "estão evoluindo favoravelmente", disse Ayekaba.

No último dia 10, Camarões restringiu o movimento na fronteira com o país vizinho depois dos relatos de mortes, impedindo o trânsito de pessoas com sintomas ou que tiveram contato com os infectados. Em nota, o ministro da Saúde, Malachie Manaouda, afirma que as decisões foram tomadas “tendo em conta o elevado risco de importação desta doença e de forma a detetar e responder a eventuais casos numa fase precoce”.

O que é o Marburg?

O Marburg é um vírus raro da família Filoviridae, mesma do ebola, que causa uma febre hemorrágica. De acordo com a OMS, ela começa abruptamente, com altas temperaturas, dor de cabeça e mal-estar intensos. A maioria dos pacientes desenvolvem quadros graves em até sete dias. Não há vacinas ou tratamentos antivirais aprovados, embora uma série de fármacos estejam em testes.

A transmissão acontece por meio de morcegos frugívoros, que se alimentam de frutas, e se espalha entre os humanos pelo contato direto com os fluidos corporais de pessoas contaminadas e por superfícies e materiais infectados.

Antes de Gana, no ano passado, a Guiné foi o primeiro país na região da África Ocidental a detectar a doença em 2021. Outros eventos esporádicos já foram registrados nos últimos anos em países como Quênia, África do Sul e Uganda, mas com poucos casos e de forma controlada.

Os maiores avanços foram na República Democrática do Congo, de 1998 a 2000, e em Angola, de 2004 a 2005, quando foram contabilizados respectivamente 128 e 228 mortos.

Embora os casos sejam detectados no continente africano, o vírus foi descoberto nas cidades de Marburg e Frankfurt, na Alemanha, em 1967. Na época, funcionários de laboratórios adoeceram após entrarem em contato com tecidos de macacos infectados que vieram da Uganda.

Trata-se, portanto, de um zoonose, ou seja, uma doença disseminada normalmente entre animais que passou a contaminar humanos – como foi o caso com o HIV, a Covid-19 e a monkeypox.

Reunião de emergência

Após a confirmação, a OMS convocou uma reunião de emergência para esta tarde do consórcio para vacinas contra o vírus Marburg (MARVAC). O grupo reúne líderes na área de desenvolvimento de imunizantes que trabalham juntos para o avanço nas pesquisas em relação ao vírus.

O objetivo pode ser direcionar esforços para uma estratégia semelhante à empregada no final do ano passado em meio ao surto de ebola em Uganda. Embora existam vacinas para o ebola, elas são direcionadas para a cepa mais comum do vírus, e não para a variante do Sudão, que se disseminou na região em novembro de 2022.

Porém, por ser um patógeno raro, assim como o Marburg, cientistas têm dificuldades em avançar com os testes clínicos. Por isso, foi montada uma força-tarefa para aproveitar o surto no país africano e levar imunizantes que poderiam ser testados em meio ao avanço da variante do Sudão do ebola.

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