Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Brasil bate recorde anual de mortes por dengue em 2022

    São Paulo se mantém à frente em número de mortes, com 282 óbitos registrados, seguido por Goiás, com 162, segundo o Ministério da Saúde

    Profissional detetiza criadouro do mosquito da dengue
    Profissional detetiza criadouro do mosquito da dengue Cristine Rochol/PMPA

    Da CNN

    O Brasil chegou a 1.016 mortes por dengue em 2022, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. O número é o novo recorde anual de óbitos pela doença, superando o maior patamar anterior, de 986 mortes, registrado em 2015.

    Desde a década de 1980, quando a dengue ressurgiu no País, não se registraram tantas mortes em um único ano.

    Como o levantamento considerou os casos registrados até o último dia 17 e ainda há 100 óbitos em investigação, o País ainda pode fechar o ano de 2022 com mais de mil mortes por dengue.

    Total de mortes por dengue no Brasil

    • 2008: 561
    • 2009: 341
    • 2010: 656
    • 2011: 482
    • 2012: 327
    • 2013: 674
    • 2014: 475
    • 2015: 986
    • 2016: 701
    • 2017: 185
    • 2018: 201
    • 2019: 840
    • 2020: 574
    • 2021: 246
    • 2022: 1.016

    As mortes este ano já superam em mais de 400% as registradas em todo o ano de 2021, quando houve 244 óbitos.

    O Estado de São Paulo se mantém à frente em número de mortes, com 278 óbitos registrados, seguido por Goiás, com 154.

    Os cinco estados com mais mortes por dengue em 2022

    • São Paulo: 282
    • Goiás: 162
    • Paraná: 109
    • Santa Catarina: 88
    • Rio Grande do Sul: 66

    Em uma evidência de que o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, está se adaptando aos climas mais frios, os Estados da Região Sul aparecem na sequência, completando a lista dos cinco com maior número de mortes: Paraná (108), Santa Catarina (88) e Rio Grande do Sul (66).

    Mais casos de dengue

    O número de casos prováveis de dengue chegou a 1.414.797, com taxa de incidência de 663,2 por 100 mil habitantes. Houve aumento de 163,8% em relação aos casos do mesmo período de 2021. A região Centro-Oeste teve a maior incidência até agora, com 2.028,4 por 100 mil habitantes. O município brasileiro com mais registros é Araraquara, no interior de São Paulo, com 8.716,1 casos por 100 mil moradores. Já em número absoluto, Brasília lidera com 68.654.

    Pouca prevenção

    Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), os números indicam que houve descuido com a prevenção da doença. “Ainda nem acabou a contagem, pois tem dados represados e 100 óbitos em investigação, e já batemos o recorde histórico de mortes por dengue em um ano. Ultrapassamos também 1,4 milhão de casos. Com certeza é o pior ano da dengue em todos os aspectos e isso não aconteceu por acaso. Faltou ação do governo federal em prevenção”, disse.

    O número baixo de casos no ano passado, segundo ele, pode ter contribuído para que a população relaxasse nos cuidados básicos, como a eliminação de criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor.

    “Dengue é uma luta contínua, é preciso mostrar que a doença mata e isso se faz com campanhas. Em abril deste ano, nós da Sociedade Brasileira de Infectologia fizemos o primeiro alerta para o grande número de óbitos e a necessidade de retomar as campanhas. Não foi por falta de aviso.”

    Segundo ele, a condição climática também contribuiu para o aumento de transmissão.

    “Estamos vivendo um ano mais chuvoso por conta do fenômeno La Nina e o mosquito Aedes aegypti precisa de água e calor para se reproduzir. Outra questão é que, por conta do aquecimento global, o mosquito vai expandindo suas fronteiras, reproduzindo onde antes não aparecia. Não é à toa que temos um grande número de casos e de óbitos nos estados da Região Sul.”

    Mais chikungunya

    O infectologista chamou a atenção para o aumento de casos e mortes por chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito. “Isso indica que o Aedes ficou livre e solto para se reproduzir por falta de uma ação mais efetiva de controle.”

    Até 17 de dezembro, foram confirmados 93 óbitos por chikungunya no Brasil, quase sete vezes mais que as 14 mortes de todo ano de 2021. O País já registrou 172.082 casos prováveis, 78% a mais do que no mesmo período de 2021.

    O Ministério da Saúde informou que monitora de forma constante a situação epidemiológica da dengue e das demais arboviroses no Brasil.

    A pasta destacou que investe em ações de combate ao mosquito de forma permanente, como a promoção de campanhas que ajudam a orientar a população sobre a prevenção da doença, distribuição de inseticidas e larvicidas aos Estados e municípios, bem como a realização periódica de reuniões com gestores para avaliação do cenário nacional e estratégias de combate.

    Com verão, prevenção ao Aedes aegypti deve ser reforçada

    A transmissão de doenças como dengue, Zika e chikungunya ganha impulso no período do verão, que começou na quarta-feira (21). A combinação de calor e chuvas promove o ambiente ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças.

    Os ovos do inseto podem permanecer em ambientes secos por mais de um ano. Quando entram em contato com a água, dão continuidade ao ciclo de vida do mosquito que inclui as fases de larva, pupa e adulto, quando ele é capaz de voar e transmitir os vírus.

    Do ovo à fase adulta, o ciclo de desenvolvimento do Aedes aegypti leva de sete a dez dias. Por isso, a intervenção semanal pode interromper esse processo e diminuir significativamente a incidência das doenças.

    “Cada fêmea pode colocar até 1.500 ovos, por isso é importante olhar a casa com ‘olhos de mosquito’, procurando todo e qualquer local que acumule água e possa ser usado para reprodução do vetor”, afirma Denise Valle, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

    Qualquer recipiente que permita o acúmulo de água parada pode se tornar um foco em potencial para a reprodução do Aedes aegypti. Pneus, vasos de planta, caixa d’água, bandeja da geladeira, calhas, galões, baldes, garrafas e entulho estão entre os principais criadouros do mosquito.

    Principais sintomas da dengue

    De acordo com o Ministério da Saúde, normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta, acima de 38°C, de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele.

    Os principais sintomas da dengue são:

    • Febre alta, superior a 38°C;
    • dor no corpo e articulações;
    • dor atrás dos olhos;
    • mal-estar;
    • falta de apetite;
    • dor de cabeça;
    • manchas vermelhas no corpo.

    No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve ou sinais de alarme e de gravidade. O diagnóstico da dengue pode ser feito por exame clínico e confirmado por exame de sangue.

    (Com informações de Bianca Camargo e Lucas Rocha, da CNN, e do Estadão Conteúdo)