Biologia

Por Redação Galileu

Cientistas compararam sequências genéticas de 240 espécies atuais de mamíferos, incluindo desde o porco-da-terra (Orycteropus afer) ao elefante-da-savana (Loxodonta africana). Com isso, revelaram o que torna o DNA humano único.

Os esforços registrados nesta semana em vários artigos na revista Science são parte de uma iniciativa feita por mais de 150 especialistas ao redor do planeta: o Projeto Zoonomia, o maior recurso comparativo de genômica de mamíferos do mundo.

As descobertas vêm de amostras de DNA coletadas por mais de 50 instituições, incluindo a organização sem fins lucrativos San Diego Wildlife Alliance, que forneceu muitos genomas de espécies ameaçadas ou em perigo.

Nos novos estudos, os pesquisadores identificaram as regiões dos genomas mais conservadas em mamíferos durante milhões de anos de evolução. Eles também encontraram parte da base genética para traços incomuns, como a capacidade de hibernar e farejar cheiros fracos à distância. Por fim, identificaram espécies que podem ser suscetíveis à extinção, bem como variantes genéticas com maior chance de causar doenças humanas.

"Um dos maiores problemas da genômica é que os humanos têm um genoma muito grande e não sabemos o que ele faz", conta em comunicado uma das líderes do projeto, Elinor Karlsson. “Este pacote de artigos realmente mostra o alcance do que você pode fazer com esse tipo de dados e o quanto podemos aprender com o estudo dos genomas de outros mamíferos”.

Identificando espécies em risco

Em um dos estudos do projeto, os autores descobriram que pelo menos 10% do genoma humano é altamente conservado entre as espécies. Mais de 4,5 mil elementos estão quase perfeitamente preservados em mais de 98% dos grupos de mamíferos estudados.

Os animais com menos alterações genéticas em locais conservados no genoma correm maior risco de extinção, segundo os pesquisadores. Por isso, ter apenas um genoma de referência por espécie já pode ajudar a identificar grupos ameaçados — mas menos de 5% de todas as espécies têm genomas referenciais.

Descobertas sobre doenças humanas

Em outro estudo, os cientistas se concentraram em algumas das regiões genômicas mais conservadas descobertas no primeiro artigo e as compararam com variantes genéticas já associadas a enfermidades como o câncer usando outros métodos.

Assim, os pesquisadores identificaram mutações que provavelmente são causais em doenças raras e comuns em seres humanos.

Os 240 mamíferos sequenciados pelo projeto Zoonomia incluem o famoso cão de trenó Balto, que liderou uma equipe de cães na etapa final da corrida para levar um soro salva-vidas para Nome, Alasca, em 1925 — Foto: The Cleveland Museum Of Natural History
Os 240 mamíferos sequenciados pelo projeto Zoonomia incluem o famoso cão de trenó Balto, que liderou uma equipe de cães na etapa final da corrida para levar um soro salva-vidas para Nome, Alasca, em 1925 — Foto: The Cleveland Museum Of Natural History

Achados sobre a evolução dos mamíferos

Um terceiro estudo examinou mais de 10 mil deleções genéticas específicas de humanos, usando dados do projeto e análises experimentais, e relacionou algumas delas à função dos neurônios.

Enquanto isso, outros artigos da colaboração revelaram que os mamíferos se diversificaram antes da extinção em massa dos dinossauros.

Além disso, os pesquisadores descobriram uma explicação genética de por que um famoso cão de trenó da década de 1920, chamado Balto, foi capaz de sobreviver à paisagem agreste do Alasca.

Entre outros achados, eles identificaram ainda alterações específicas do ser humano na organização do genoma e usaram aprendizado de máquina para identificar regiões de sequências associadas ao tamanho do cérebro.

"Estamos muito entusiasmados com o sequenciamento de espécies de mamíferos", disse Kerstin Lindblad-Toh, co-líder do projeto. “E estamos empolgados em ver como nós e outros pesquisadores podemos trabalhar com esses dados de novas maneiras para entender a evolução do genoma e as doenças humanas”.

Mais recente Próxima Leirão é o mais novo mamífero a brilhar contra a luz UV, mostra estudo
Mais de Galileu

Datado do ano 967 d.C., artefato revela antigas crenças eslavas sobre lagos e cursos d'água e remonta ao início do período medieval

Rosto de "ser espiritual" esculpido em madeira há mil anos é achado em lago polonês

Pesquisadores estimam que as mudanças climáticas aumentaram a intensidade das ondas de calor no continente entre 1°C e 4°C, o que ajuda a explicar os números de óbitos. Mas as mortes pelas altas temperaturas não são apenas um problema europeu

Mortes por ondas de calor aumentam na Europa, diz novo estudo. E no Brasil?

Incêndio Dragon Bravo foi causado por um raio e destruiu estruturas como cabanas e uma estação de tratamento de água, que acabou liberando gás cloro na região

Incêndio no Grand Canyon causa vazamento de gás tóxico nos EUA

O término da corrida espacial entre União Soviética e Estados Unidos foi celebrado há exatos 50 anos com uma festa no espaço – com direito a um brinde entre astronautas. Relembre a história

Há 50 anos, URSS e EUA protagonizaram aperto de mãos mais icônico do espaço

Registro inédito realizado pela sonda Solar Parker a apenas 6,1 milhões de km da superfície do Sol pode ajudar astrônomos a compreender os mistérios do vento solar. Assista a vídeo

Em feito histórico, sonda da Nasa faz imagens do Sol mais próximas até hoje

Embora ainda não tenha sido testada de forma independente, a capacidade de transmissão alegada pelos pesquisadores atinge 127,5 mil Gbps de velocidade, equivalente à capacidade de 19 fibras ópticas padrão

Japão atinge velocidade de internet que permitiria baixar biblioteca da Netflix em 1 segundo

Antes usada apenas em pessoas já infectadas, droga passa a integrar a PrEP nos Estados Unidos e pode facilitar a adesão ao método preventivo

Lenacapavir: qual é o diferencial do novo tratamento para prevenir o HIV?

Descoberta reconstitui fóssil jurássico completo e leva à identificação de Sphenodraco scandentis, réptil arborícola mais antigo já encontrado

Metades de fóssil que ficaram separadas em museus por 90 anos revelam réptil inédito