Com 2ª pior taxa de vacinação em bebês na América Latina, Brasil só passa da Venezuela, alerta Unicef
Segundo novo relatório, 26% das crianças brasileiras com menos de um ano não estão imunizadas
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A vacinação infantil na América Latina e no Caribe regrediu dramaticamente para níveis de 30 anos atrás, em parte devido à pandemia de Covid-19, e agora 25% das crianças carecem de imunizações "críticas", alertou o Unicef na última quarta-feira.
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"Esta é uma das crises de vacinação infantil mais graves que a região já viu em quase 30 anos "disse o diretor do Unicef para a América Latina e o Caribe, Garry Conille, em comunicado.
"Por muitos anos", a América Latina teve "uma das taxas de vacinação infantil mais altas do mundo, agora tem uma das mais baixas", acrescentou Conille.
A situação da América Latina aparece em um relatório divulgado pelo Unicef intitulado “A situação da infância no mundo 2023: para cada infância, vacinação”.
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Nesse relatório, a agência da ONU aponta que a cobertura da terceira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche entre menores de um ano caiu 18 pontos percentuais, passando de 93% em 2012 para 75% em 2021.
"Esta é a taxa de vacinação de rotina mais baixa da região em quase 30 anos, colocando a América Latina e o Caribe abaixo da média global (81%) e um pouco à frente da África Oriental e Meridional (74%)" afirmou o Unicef.
A região ainda registra "o maior declínio global na última década", alertou.
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Deixaram de priorizar a vacinação
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, na América Latina existem 2,4 milhões de crianças menores de um ano (uma em cada quatro) desprotegidas contra doenças evitáveis por falta de vacinação completa. Além disso, 1,7 milhões nunca foram vacinados.
Venezuela (27%), Brasil (26%), Haiti (25%) e Bolívia (25%) registram os maiores percentuais de crianças menores de um ano sem vacina, ao contrário de Costa Rica, República Dominicana, Cuba, Chile e São Vicente e Granadinas, todos com apenas 1% de não imunizados.
Haiti (24%), Panamá (19%) e Venezuela (17%) têm o maior percentual de crianças menores de 12 meses com vacinação incompleta, enquanto Belize, Cuba e Costa Rica não apresentam casos.
— Falamos de quase todas as vacinas do programa de imunização, mas as que mais nos preocupam são as de difteria, tétano e coqueluche”, disse à AFP Ralph Midy, assessor de imunizações do Unicef para a América Latina e o Caribe.
— Tanto os governos quanto os organismos internacionais deixaram de priorizar a questão da imunização na região — acrescentou.
Deficiências desencadeadas pela pandemia
A situação fez com que doenças como difteria, sarampo e poliomielite, que se pensava terem sido erradicadas em muitos países, reaparecessem.
Segundo o Unicef, uma das principais causas da queda nos níveis de imunização na América Latina e no Caribe é a pandemia de Covid-19. No entanto, especificou que anteriormente já havia um declínio devido a problemas estruturais, falta de investimento nos cuidados primários, escassez de profissionais qualificados, vacinas e recursos.
— A instabilidade política e social prolongada piorou nos últimos 10 anos, criando dificuldades em diferentes países — disse Midy.
— A pandemia exacerbou os desafios que a região já enfrentava antes, interrompendo a vacinação infantil devido às intensas demandas dos sistemas de saúde e às medidas de contenção — acrescentou.
Além disso, os movimentos anti-vacinas "certamente tiveram um impacto, embora seja difícil medir exatamente", concluiu Midy.