Ciência
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Por O Globo — Rio de Janeiro

Cientistas realizaram pela primeira vez o transplante bem sucedido de um órgão que havia sido congelado durante meses, abrindo caminho para o armazenamento a longo prazo do material. O feito, de pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, foi publicado na revista científica Nature Communications.

O experimento, embora inicial e realizado com camundongos, mostra o potencial de uma nova solução para um dos entraves no transplante de órgãos, o curto tempo em que eles precisam chegar até o paciente após serem retirados do doador. No caso dos rins, por exemplo, busca-se fazer o reimplante em menos de 24 horas, e o tempo máximo geralmente é de até 48 horas.

Na pesquisa, os cientistas armazenaram cinco rins criogenicamente congelados por até 100 dias. Em seguida, eles foram reaquecidos, tiveram fluidos e nanopartículas decorrentes do processo eliminados e foram transplantados nos animais. Em 30 dias, os indivíduos conseguiram restaurar a função renal completa sem a necessidade de outras intervenções médicas.

“Esta é a primeira vez que alguém publica um protocolo robusto para armazenamento a longo prazo, reaquecimento e transplante bem-sucedido de um órgão funcional preservado em um animal. Todas as nossas pesquisas ao longo de mais de uma década e de nossos colegas de campo mostraram que esse processo deveria funcionar, que poderia funcionar, mas agora mostramos que realmente funciona”, afirma um dos autores do estudo e diretor do Instituto de Engenharia em Medicina da Universidade de Minnesota, John Bischof, em comunicado.

Os pesquisadores responsáveis pelo trabalho citam que cerca de 20% dos rins doados a cada ano não podem ser utilizados por não chegarem aos pacientes a tempo. Para contornar esse problema, os cientistas já investigavam há décadas o uso de uma técnica chamada de vitrificação.

Muito adotado na preservação de embriões, o procedimento é uma forma de congelamento diferente do método tradicional devido à utilização de compostos químicos para chegar às baixas temperaturas com uma maior rapidez. Com isso, evita a formação de gelo, que é um dos entraves para a criopreservação de órgãos.

Mas, outro empecilho para o sucesso do transplante era conseguir reaquecer o material sem provocar danos a ele. Para isso, os cientistas desenvolveram um método que utiliza uma solução com nanopartículas de óxido de ferro que é liberada pelos vasos sanguíneos do órgão. Essas substâncias atuam como mini aquecedores ao serem ativadas por ondas eletromagnéticas e, depois, são eliminadas do material, sem apresentar riscos aos animais que receberam os rins.

“Durante as primeiras duas a três semanas, os rins não estavam em pleno funcionamento, mas em três semanas eles se recuperaram. Em um mês, eles (os camundongos) estavam com rins totalmente funcionais, completamente indistinguíveis de transplantes de um órgão fresco”, diz o também autor do trabalho, cirurgião de transplante e professor de cirurgia na Escola de Medicina da Universidade de Minnesota, Erik Finger.

Os cientistas acreditam que o procedimento pode ser replicável para outros órgãos do corpo e para outras espécies, como os humanos. Para isso, porém, são precisos mais estudos para confirmar a expectativa e garantir a segurança do processo. O próximo passo, dizem os pesquisadores, será um novo experimento com rins de porcos.

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