Zika: um vírus silencioso que exige maior vigilância e controle

ilustração de mulher, bebê e mosquitos

Washington, DC, 1º de setembro de 2023 (OPAS) – Apesar de uma redução em todo o mundo nos casos de Zika desde 2017, a circulação desse vírus transmitido por mosquitos foi confirmada em 89 países. Embora os níveis de incidência permaneçam baixos, aumentos esporádicos foram observados em alguns países nos últimos anos.

O seminário web EPI-WIN, Vírus do Zika: aprendendo com o passado, preparando-se para o futuro, reuniu especialistas nesta semana para discutir a situação do Zika no mundo, bem como as medidas para rastrear sua transmissão para preparação e resposta antecipada.

"A maioria das infecções por esse vírus é assintomática ou leve, o que torna a detecção pelos sistemas de saúde bastante desafiadora", disse Maria Van Kerkhove, chefe da Unidade de Doenças Emergentes e Zoonoses da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com relação às complicações da doença, a OMS alertou que as mulheres grávidas são particularmente suscetíveis aos seus efeitos, pois ela pode provocar malformações congênitas no feto, como a microcefalia, além de aumentar a probabilidade de partos prematuros e até mesmo precipitar abortos espontâneos.

Situação nas Américas e medidas de controle

Desde sua primeira detecção em março de 2015, no Brasil, a transmissão local do Zika foi confirmada em todos os países e territórios das Américas, com exceção do Chile continental, Uruguai e Canadá. Dez países da região respondem por 89% dos casos de Zika registrados entre 2014 e 2023, com Brasil, Colômbia e Venezuela no topo da lista.

Os números da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em nível regional revelam que, ao contrário de outros arbovírus, como dengue ou chikungunya, cujos casos até agora em 2023 somam mais de 3 milhões e 324 mil, respectivamente, o Zika tem uma incidência consideravelmente menor, com 27 mil casos no mesmo período.

"É essencial reconhecer a conexão entre a vigilância de infecções agudas por Zika e a manifestação de síndromes neurológicas como a Guillain-Barré. Se otimizarmos essa abordagem, estaremos mais bem preparados para entender completamente a doença e tomar medidas preventivas", disse Thais dos Santos, assessora de Vigilância e Controle de Doenças Arbovirais da OPAS.

"Manter um nível adequado de monitoramento é essencial para evitar futuras epidemias", acrescentou Thais dos Santos, enfatizando a importância de diagnósticos laboratoriais precisos e abundantes, bem como o treinamento de profissionais de saúde em todos os níveis e em todos os estágios da doença.

"Isso nos permitirá alcançar a detecção oportuna do Zika e, assim, implementar medidas de controle relevantes e eficazes", enfatizou a especialista da OPAS.

Em março de 2022, a OMS lançou a Global Arbovirus Initiative, que tem o objetivo de combater os vírus transmitidos por mosquitos, moscas e carrapatos, entre outros artrópodes emergentes e reemergentes, com potencial epidêmico e pandêmico.

"Por meio dessa iniciativa, pretendemos desenvolver diretrizes para vigilância, gerenciamento clínico e acompanhamento das complicações do Zika, bem como fortalecer a vigilância ambiental e o controle de vetores. A comunicação de risco, a pesquisa em saúde pública e a colaboração entre as principais partes interessadas são elementos centrais desse esforço", disse Maria Van Kerkhove, chefe da Unidade de Doenças Emergentes e Zoonoses da OMS.