Por g1


Várias casas invadidas e destruídas pelo Hamas — Foto: Reprodução/TV Globo

O escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta terça-feira (17) que o cerco de Israel à Faixa de Gaza e a ordem de retirada de civis no norte pode significar uma violação ao direito internacional.

A repórteres, Ravina Shamdasani, porta-voz do escritório, disse que Israel parecia não ter feito nenhum esforço para garantir que os civis evacuados temporariamente em Gaza recebessem acomodações adequadas, bem como condições de higiene, saúde, segurança e alimentação.

“Estamos preocupados de que esta ordem, combinada com a imposição de um cerco completo a Gaza, possa não ser considerada uma evacuação temporária legal e, portanto, equivaleria a uma transferência forçada de civis, e uma violação do direito internacional”, disse.

Shamdasani declarou também que os civis que conseguiram sair estão presos no sul da Faixa de Gaza, "com abrigos simples, com limite de comida, pouco ou nenhum acesso à água potável, sem saneamento, medicamento e outras necessidades básicas".

Deixarem as residências em Gaza

Na última quinta-feira (12), O exército de Israel deu um prazo de aproximadamente 48 horas para moradores da Cidade de Gaza e arredores deixem suas casas em direção ao sul. A informação circulou por meio de panfletos distribuídos entre residentes locais.

O porta-voz do exército de Israel afirmou que a "evacuação é para a própria segurança" dos habitantes da Faixa de Gaza e recomendou que as pessoas só voltem à Cidade de Gaza quando o governo israelense permitir.

Mas o Hamas exigiu que a população ignorasse a ordem israelense e permanecesse em suas casas. Além do braço armado e terrorista, o grupo também tem um braço político, que governa atualmente a Faixa de Gaza.

Pouco tempo antes do pronunciamento nas redes sociais do exército, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse, em comunicado, que os militares israelenses avisaram que todos os palestinos na região norte da Faixa de Gaza, cerca de 1,1 milhão de pessoas, deveriam migrar para o sul.

Em entrevista à Globonews, o brasileiro Hasan Rabee, que está na cidade de Khan Younes, região usada pelos civis para fugir pelo Egito, por exemplo, afirmou que o local não tem estrutura suficiente para receber as milhares de pessoas que estão se deslocando para o local.

"Desde o começo desses ataques e do conflito, a gente está sem água para tomar banho, se lavar, só temos água bem salgada para beber" (veja vídeo abaixo).

'Não existe um lugar seguro', diz brasileiro em Khan Younes ao relatar explosão em casa vizinha

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Resolução da ONU sobre Israel e Hamas

Nesta terça-feira (17), os representantes diplomáticos dos países que compõem o Conselho de Segurança da ONU devem votar uma resolução elaborada pela comitiva brasileira sobre guerra entre Israel e Hamas.

O documento do Brasil enumera 11 pontos. Entre eles:

  • A condenação "inequívoca dos ataques terroristas hediondos perpetrados pelo Hamas que tiveram lugar em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis";
  • O apelo, sem mencionar nomes, à "libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis, exigindo a sua segurança, bem-estar e tratamento humano, em conformidade com o direito internacional";
  • O apelo "ao respeito e à proteção, em conformidade com o direito humanitário internacional, de todo o pessoal médico e do pessoal humanitário exclusivamente envolvido em tarefas médicas, dos seus meios de transporte e equipamento, bem como dos hospitais e outras instalações médicas";
  • A decisão de "continuar envolvido na questão".

O texto não menciona medidas concretas - como uma missão de paz ou qualquer tipo de intervenção. Diz apenas apelar "a pausas humanitárias para permitir o acesso humanitário rápido, seguro e sem entraves às agências da ONU..."

No entanto, em paralelo, a diplomacia brasileira também tentará colocar em votação uma resolução determinando a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza. No fim de semana, uma reunião do Conselho de Segurança para debater esse ponto não alcançou consenso.

Para que uma resolução seja aprovada, é preciso ter os votos de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho de Segurança. Além disso, os membros permanentes do Conselho (Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos).

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