OMS teme que fake news frustrem acordo pandêmico

• Acordo das Pandemias em risco? • Vacina para dengue do Butantan está chegando • Testes para dengue em alta • África inicia vacinação contra malária • Governo e oposição querem desfinanciar NHS •

.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lançou na segunda-feira um alerta. Duas resoluções cruciais, que a organização prepara há anos, podem não ser firmadas, disse ele – em parte, devido a difusão de fake news sobre elas. Trata-se do Acordo Pandêmico Internacional e do Regulamento Internacional de Saúde. Diversos governos estariam hesitando em firmar os compromissos, após circularem rumores falsos, segundo dos quais eles dariam à OMS direito de intervir nos países e decretar lock-downs… Por trás da boataria, há temas importantes e interesses possivelmente contrariados. O Acordo Pandêmico Internacional estabelece, por exemplo, regras para acesso menos desigual a vacinas, medicamentos e instrumental médico. As grandes transnacionais farmacêuticas bloquearam esta possibilidade entre 2020 e 2022, quando a covid provocou cerca de 7 milhões de mortes. As vacinas, cuja pesquisa foi financiada essencialmente com recursos públicos, viraram mercadoria e fonte de lucros selvagens.

Dengue I: Butantan promete para breve vacina brasileira

É o que garante Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, em entrevista a O Globo. Segundo ele, neste segundo semestre o imunizante entrará em sua fase final de testes. Um dossiê será submetido para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que iniciará os ritos para sua provável aprovação. “A expectativa é que a vacina, quando aprovada, seja a melhor do mercado”, avalia o diretor. Kallás destaca que o imunizante – cuja fase experimental envolveu 17 mil voluntários durante cinco anos – apresentou “desempenho muito bom em crianças e em pessoas que nunca tiveram dengue antes” e que a dose, a princípio, mostra-se eficaz por mais de três anos após ministrada, embora haja a expectativa que torna-se um imunizante de “dose única”. O SUS incorporou recentemente a vacina contra dengue. Porém, o imunizante é importado do laboratório japonês Takeda Pharma. A previsão é que o governo adquira 6,5 milhões de doses para este ano.

Dengue II: o número de testagens dispara

Nas últimas duas semanas, a dengue alastrou-se pelo país – e, com ela, a preocupação dos brasileiros. É o que sugerem dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, que congrega laboratórios privados. Houve um aumento médio de 25% de exames para detectar a doença. A taxa de positividade chegou a 24%. A busca por testagem mostra o temor diante da escalada da doença , que gerou recorde de mortes (1079) em 2023. Diversos fatores podem explicá-la – das mudanças climáticas às lacunas no trabalho de vigilância, conforme destacado ontem pelo Outra Saúde. O Ministério da Saúde (MS) já previa essa explosão de casos, preparando-se com a criação da Sala Nacional de Arboviroses – e um aporte de R$256 milhões para o enfrentamento dessas doenças. Hoje, a cidade de São Paulo lidera o número de casos de dengue: média de 57 por dia. O dado é provisório, mas já representa o dobro do ano passado e é o maior desde 2016.

Começa, enfim, vacinação contra malária na África

Teve início nesta segunda (22/1), nos Camarões, a vacinação sistemática contra a malária, que mata a cada ano cerca de 500 mil pessoas – a maior parte delas, crianças africanas. Apoiado pela OMS e pela rede Gavi, criada por Bill e Melinda Gates, a imunização deve beneficiar em seguida as populações de mais 30 países africanos. A história da vacina, porém, expõe o drama das populações que padecem de doenças negligenciadas. O imunizante foi desenvolvidaoem 1987. Mas apenas em 2001 surgiram os primeiros sinais de que sua produção regular poderia ser financiada. Passaram-se mais duas décadas até que a vacinação começasse. Ainda assim, há problemas: são necessárias quatro doses para que o imunizante proteja as crianças e o índice de proteção contra a doença é de apenas 30%.

Sindicato do NHS rechaça corte proposto por trabalhistas

Favorecido pelas pesquisas eleitorais, que o colocam 20 pontos à frente dos conservadores na preferência dos eleitores, o Partido Trabalhista britânico (“Labour”) está se preparando para governar. Porém, o faz adaptando-se ao programa defendido pela elite neoliberal. Esta atitude acaba de ser rechaçada pelo sindicato nacional dos trabalhadores do Sistema Nacional de Saúde – o NHS. A polêmica envolve o financiamento do sistema. O Labour anunciou possíveis cortes de recursos, equivalentes a 10 bilhões de libras exterlinas (Cerca de R$ 60 bi) caso chegue ao governo. Justificou afirmando que economizaria eliminando serviços de caráter privatizante – como o recurso a agências de emprego, para contratar pessoal. Mas o sindicato não aceitou. Lembrou que as dotações de recursos ao NHS vêm caindo ano a ano. E sugeriu: se houver cortes de despesas desnecessárias e nocivas, o dinheiro deve ser revertido para algumas das muitas rubricas do sistema hoje subfinanciadas…

Leia Também: