Saúde

Por Redação Galileu

Hoje (11), no Dia Mundial do Parkinson, pesquisadores divulgaram uma nova teoria para a causa da doença: a inalação ou ingestão de agentes tóxicos ambientais. Esses contaminantes podem estar em vários lugares, como pesticidas e na poluição do ar, segundo sugere um estudo publicado na terça-feira (9) no Journal of Parkinson's Disease.

O Parkinson é caracterizado pela morte das células, levando a sintomas como tremores assimétricos, lentidão nos movimentos e, em estágios avançados, possíveis problemas cognitivos ou demência. Essa condição geralmente apresenta uma progressão mais lenta após o diagnóstico inicial e só muito mais tarde comprometimento cognitivo ou demência.

Os pesquisadores afirmam que o início da doença começa no cérebro e no corpo, surgindo em estruturas do nosso organismo ligadas ao mundo exterior. Segundo conta em comunicado Ray Dorsey, professor de neurologia do Centro Médico da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e coautor do artigo, o Parkinson é sistemático e se inicia no nariz e no intestino — órgãos relacionados à absorção de fatores externos.

"Isso reforça ainda mais a ideia de que o Parkinson, a doença cerebral de crescimento mais rápido do mundo, pode ser alimentado por agentes tóxicos e, portanto, ser em grande parte prevenível”, afirma Dorsey.

Uma proposta sobre como a exposição ambiental a substâncias tóxicas pode causar a doença de corpos de Lewy que ocorre primeiro no corpo ou no cérebro — Foto: Hospital Universitário de Aarhus/Centro Médico da Universidade de Rochester
Uma proposta sobre como a exposição ambiental a substâncias tóxicas pode causar a doença de corpos de Lewy que ocorre primeiro no corpo ou no cérebro — Foto: Hospital Universitário de Aarhus/Centro Médico da Universidade de Rochester

O novo artigo sugere que toxinas ambientais, como os produtos químicos de lavagem a seco e desengordurantes tricloroetileno (TCE) e percloroetileno (PCE), o herbicida paraquate e a poluição do ar, podem ser causas comuns da formação da proteína alfa-sinucleína tóxica.

Esta estrutura tem sido considerada uma das principais causas do Parkinson há cerca de 25 anos. Com o passar do tempo, essa proteína se acumula no cérebro em aglomerados chamados corpos de Lewy, que causam disfunção progressiva e morte de várias células nervosas, incluindo aquelas que produzem dopamina, o que afeta o controle dos movimentos.

O TCE e o PCE contaminam muitos locais industriais e militares, incluindo a base do Corpo de Fuzileiros Navais Camp Lejeune, nos Estados Unidos. Enquanto isso, o paraquate é um herbicida amplamente usado pelos americanos, apesar de estar proibido por questões de segurança em mais de 30 países, incluindo na União Europeia e na China.

O nariz e o intestino têm conexões diretas com o cérebro e são revestidos por tecidos que permitem a passagem de substâncias. Nesse novo modelo, os produtos químicos são inalados e podem entrar no cérebro pelo nervo ligado ao olfato. A partir deste momento, a proteína alfa-sinucleína se espalha para outras partes do sistema nervoso central, principalmente de um lado cerebral, incluindo regiões com neurônios que produzem dopamina.

Quando os produtos químicos são ingeridos, eles passam pela parede do trato gastrointestinal. A alfa-sinucleína pode começar a se acumular no "sistema nervoso" do intestino, espalhando-se depois para os dois lados do cérebro e na medula espinhal.

Esse processo no corpo está relacionado à demência com corpos de Lewy, que é semelhante ao Parkinson e causa constipação, distúrbios do sono e, conforme avança, gera problemas de movimento e demência.

"O momento, a dose e a duração da exposição e as interações com fatores genéticos e ambientais provavelmente são fundamentais para determinar quem desenvolve o Parkinson. Na maioria dos casos, essas exposições provavelmente ocorreram anos ou décadas antes do desenvolvimento dos sintomas”, explica Dorsey.

Segundo o professor, os agentes tóxicos ambientais são generalizados, mas obviamente nem todos nós temos Parkinson. Além disso, o novo estudo pode avançar na explicação do papel da exposição ambiental a produtos químicos no desenvolvimento de outros distúrbios cerebrais, incluindo autismo em crianças, esclerose lateral amiotrófica em adultos e Alzheimer em idosos.

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