Situação Epidemiológica
A morbidade da coqueluche no país já foi elevada. No início da década de 1980 eram notificados mais de 40 mil casos anuais e o coeficiente de incidência era superior a 30/100.000 habitantes. Este número caiu abruptamente a partir de 1983, mantendo, desde então, tendência decrescente. Em 1990, foram notificados 15.329 casos, resultando em um coeficiente de incidência de 10,6/100.000 habitantes, sendo maior incidência observada na década.
A partir de 1995, observou-se um declínio do número de casos e aumento da cobertura vacinal, principalmente a partir de 1998, resultando na mudança do perfil epidemiológico da doença no país. Com isso, verificou-se redução importante na incidência de 10,6/100 mil habitantes em 1990 para 0,9/100 mil habitantes em 2000. No período de 2001 a 2010, a incidência variou entre (0,32 a 0,75/100 mil). Em meados de 2011, observou-se um aumento súbito do número de casos da doença no país.
Várias hipóteses foram levantadas para explicar esse aumento, tais como: maior sensibilidade da assistência e vigilância, no diagnóstico e notificação de casos, melhora do diagnóstico laboratorial com a introdução de técnicas biomoleculares, coberturas vacinais heterogêneas, maior susceptibilidade dos indivíduos menores de 06 meses que não receberam o esquema vacinal completo, bem como pela própria ciclicidade da doença que ocorre em intervalos de três a cinco anos, com incremento esperado no número de casos.
Segundo dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2011 a 2014 foram confirmados 22.772 casos de coqueluche, em todo o país. Em 2011 foram confirmados 2.248 casos e em 2014, 8.622 o que representou um incremento de 283% do número de casos. Nesse mesmo período a incidência variou de 1,2 a 4,29/100 mil habitantes.
O grupo de menores de um ano concentrou a maioria dos casos de coqueluche, aproximadamente 61% (13.935/22.772), e dentre estes 87% (12.135/13.935) eram menores de seis meses de idade. Isto se deve, provavelmente, à gravidade do quadro clínico nesta faixa etária, o que, por sua vez, leva à maior procura dos serviços de saúde e maior número de casos diagnosticados. A letalidade da doença é também mais elevada no grupo de crianças menores de um ano, particularmente naquelas com menos de seis meses de idade, que concentram quase todos os óbitos por coqueluche.
A partir de 2015, observa-se uma diminuição do número de casos em que a incidência da doença passou de 4,29/100.000 habitantes em 2014 para 0,1/100.000 habitantes em 2023.
Em 2024, o Brasil, enfrentou um expressivo aumento de casos de coqueluche, registrando 7.440 (dados sujeitos à alteração) casos confirmados, atingindo o maior número de notificações da doença em uma década. Esse aumento, pode ser explicado pela natureza cíclica da doença, à retomada das interações sociais pós-pandemia e à diminuição das coberturas vacinais (entre 2016 e 2021). Nesse sentido o Ministério da Saúde intensificou as ações de vacinação e reforçou as medidas de vigilância epidemiológica.
Até a semana epidemiológica 15/2025 foram confirmados 1.479 casos de coqueluche no país (dados sujeitos à alteração).
Em 2023, 2024 e 2025 foram confirmados 216, 7.440 e 1.479 casos de coqueluche, respectivamente.